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eio na Fazenda Bom Jesus, na Ilha do Marajó

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“Olha naquela direção. Eles vão voar”. O aviso do guia foi dado segundos antes da revoada de guarás, pássaros vermelhos comuns em todo o litoral norte da América do Sul. Peguei a câmera e tentei fotografar o momento, mas não deu tempo. Se não fotografei a revoada mais bonita do meu eio pela Fazenda Bom Jesus, na Ilha do Marajó, pelo menos o aviso do guia garantiu o mais importante – eu não perdi o espetáculo.

A revoada dos guarás é o ponto alto do tour pela fazenda, que recebe visitantes quase todos os dias, sempre na parte da tarde. O eio dura quatro horas e termina com o pôr do sol, quando a luz deixa tudo mais bonito e as aves levantam voo em busca de um lugar para dormir.

Veja também: O que fazer na Ilha do Marajó

Ilha do Marajó, pará

Só que eu fui a exceção: fiz o eio durante a manhã, num horário que o guia garantiu não ser o melhor, afinal muitos dos animais da Fazenda – as grandes atrações do lugar – não podem ser avistados nesse horário. Eu tinha marcado o eio para a tarde anterior, mas, por conta de um ruído de comunicação, fui esquecido na pousada.

Liguei no dia seguinte e falei com a Dona Eliana, uma das duas irmãs que são proprietárias da fazenda. Simpática, ela lamentou o desencontro e perguntou se eu não queria fazer o eio naquela manhã, nas horas que faltavam antes do horário marcado para eu seguir de barco até Belém. Topei na hora. E se o lado ruim foi não estar no melhor horário possível, o bom foi que fiz um eio exclusivo.

O que fazer na Ilha do Marajó

Fazenda Bom Jesus: como é a visita

O ecoturismo chegou ao Marajó junto com as câmeras da TV. Foi depois que uma temporada do programa No Limite foi gravado na ilha, há 15 anos, que alguns fazendeiros perceberam o potencial turístico da região. A Fazenda São Jerônimo logo se tornou uma das principais atrações do Marajó, com um programa que mistura búfalos, um manguezal de beleza inacreditável e uma praia deserta. A Fazenda Araruna seguiu a tendência, oferecendo aos visitantes um eio em formato parecido.

Já a Fazenda Bom Jesus, que é uma das maiores da ilha, criou um eio diferente. Para começo de conversa, nada de chegar à fazenda na hora do tour e ver se tem uma vaga sobrando – é preciso marcar com antecedência, o que você pode pedir no seu hotel, assim que chegar na ilha. Um carro da fazenda te buscará no hotel e te deixará lá novamente, depois do tour, dispensando os mototaxistas, a forma de deslocamento tradicional do Marajó.

Veja também: Onde ficar na Ilha do Marajó

O que fazer na Ilha do Marajó

A Dona Eliana e o motorista pararam na minha pousada logo depois do café da manhã. Antes do eio, a proprietária contou um pouco da história dela e da irmã. Ela foi desembargadora em Belém, enquanto a irmã é veterinária. Ambas voltaram para Marajó há alguns anos, para cuidar da propriedade da família. O IBAMA tem um acordo com a Eva, que cuida de animais resgatados ou encontrados feridos.

Ilha do Marajó, Pará

Mas a maior parte dos animais da fazenda estão soltos. Assim que entramos na propriedade, desci do carro e segui um guia. Meu percurso foi feito a pé, numa caminhada de quase duas horas pela fazenda. O guia mostrava pássaros, búfalos, capivaras e apontou até uma preguiça e um jacaré – os últimos ele jurou que estavam lá, mas minha miopia jurou que não viu.

Assim como a Fazenda São Jerônimo, a Bom Jesus foi cenário para a novela Amor Eterno Amor, que tinha como personagem central um domador de búfalos. É possível ver, fotografar e até montar nos búfalos, que são o maior símbolo e quase onipresentes na Ilha do Marajó.

Ilha do Marajó, no Pará

O tour ainda inclui uma capela e um pequeno museu de arte sacra, construído com a madeira que o pai das fazendeiras comprou e que ficou estocada durante décadas. O fim do eio é num casarão, onde fui recebido com comidinhas e produtos típicos da gastronomia marajoara.

Fazenda Bom Jesus, Ilha do Marajó

Paguei R$ 85 pelo eio, mas parece que houve um aumento e que agora o tour custa R$ 100 por pessoa. Não é barato, mas vale a pena, já que essa é uma oportunidade de conhecer as belezas da Ilha do Marajó. E não perca o pôr do sol. Eu não vi (ficou para a próxima visita), mas, julgando pelas fotos que vi de lá, é tão bonito quanto a revoada dos guarás.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por . Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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7 comments

Amei conhecer a Ilha do Marajó. Não contratamos um eio turístico. Reservamos o hotel, ligamos p Dra. Eva, combinamos o tour pela fazenda. Pegamos a embarcação que sai das docas de manhanzinha, o comandante, ligou p o Edgar, motorista do microônibus que leva as pessoas do Porto até a cidade de Salvaterra, e de lá, até a cidade de Soure. Dra. Eva e Dona Carlota, que eio maravilhoso! Se for à Belém, vá conhecer a Ilha do Marajó.

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Olá, Rafael!
Estou planejando minha viagem ao Pará e suas matérias foram ótimas ajudas.
Mas estou com uma dúvida. Li relatos de pessoas que contrataram um guia por fora para fazer esse eio na Fazenda Bom Jesus, recomendaram o Jedilson. Não sei se esse guia por fora é realmente necessário e seria mais um custo. Você também contratou esse guia ou fez o eio com o guia da fazenda?
Obrigada.

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Dra. Eva foi minha professora na faculdade de Veterinária! Uma apaixonada pelo Marajó. Vou lá quinta feira! Bjs

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Adorando os posts sobre a Ilha de Marajó. Parabéns! Viagem muito bacana!

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